30 agosto 2009

garota esperta 3

Pai e filha estão de carro, rumo à casa da nova namorada dele.
- Vai demorar muito ainda?
- Demora só até chegar.
- Humptf.
A menina, no banco de trás, observa pela janela a paisagem que passa.
- Quantas namoradas você já teve?
- Namoradas mesmo, umas 8.
- Você lembra de todas ou é uma estimativa?
- "Estimativa"?! Algumas eu lembro mais, mas lembro de todas sim. Não o tempo todo.
- Da mamãe você lembra, né?
- Lembro bastante.
Ela pega o celular, fica fuçando nos joguinhos.
- Você vai conhecer a Paulinha. Ela é muito legal.
- Tomara. O que ela faz da vida?
- Ela é atriz.
- Ela é a mulher da sua vida?
- Não.
- Como você sabe?
- Digamos que eu desconfio.
- E ela sabe disso?
- Acho que ela também desconfia.

29 agosto 2009

26 agosto 2009

quem ama o feio não liga pra aparência

- Ainda bem que existe quem se atraia sexualmente por gente inteligente. Senão a gente que é feio tava ferrado.
- Por que você tá falando isso? Você me acha feia?
- É... BONITA você não é, mas eu te acho linda.

24 agosto 2009

hoje esqueci a compaixão no bar

Freira, mendigo e jornalista eu cumprimento com: "desculpa, eu não posso te ajudar".

POLITICAMENTE CORRETO - especial Sarney

23 agosto 2009


Fiz esta no stripgenerator

22 agosto 2009

imagine você

A comédia a seguir é uma espécie de pantomima literária, técnica que alia ação em mímica e narração simultânea. A diferença é que os personagens aqui possuem o dom da fala.

O cenário
A peça se passa na sessão de frios de um supermercado de bairro de uma cidade grande, tipo São Paulo.

Os personagens
São três personagens: VOCÊ, o SEU GRANDE AMOR e o NARRADOR.

VOCÊ é o personagem principal, um homem de 30 anos, mas que parece mais velho, pelos maus tratos que a vida lhe proporcionou. É crítico de cinema, tem uma gata preta e alguns vícios.

O SEU GRANDE AMOR tem a mesma idade que VOCÊ, mas tem um ar jovial, tanto fisicamente, quanto nos gestos suaves, nas roupas leves e no olhar sem culpa. Faz mestrado em cinema, vive da bolsa, de uns bicos e de uma eventual ajuda familiar.

O NARRADOR não aparece fisicamente, apenas dele se ouve a voz pelos alto-falantes de comunicação interna do mercado. VOCÊ é o único que ouve e reage à sua voz, mas também não o leva assim tão a sério.

Ato único
É já passada a hora do rush, mas ainda se ouvem carros passando e buzinas esparsas. Dentro do supermercado o movimento é fraco. Poucas pessoas passam de cenhos franzidos e caras cansadas. VOCÊ está prestes a encontrar o SEU GRANDE AMOR, depois de tantos anos, uma chance de resolver o que ficou pendente.
Sobe o pano. VOCÊ está sozinho no corredor, de cestinha no braço, olhando o preço de um salame, cansado e de óculos, quando ouve a voz do NARRADOR, e se atenta do fato de que, por alguns instantes será o protagonista de algo.
NARRADOR: Imagine Você, Você mesmo. Agora imagine aquele grande amor da sua vida que foi embora. Pois é. Ela está chegando bem ali, depois de tantos anos, neste mesmo supermercado. Você vacila. "Será que devo falar com ela"? Você pensa, treme, mas vai. Neste momento milhares de lembranças e sentimentos se revolvem, como as ondas de calor e frio que simultaneamente percorrem seu corpo. O importante é não gaguejar.
VOCÊ (gaguejando): Oi. Tu-tudo bom?
NARRADOR: Começou bem. Na verdade importa mesmo o que Você dirá em seguida.
VOCÊ: Lembra de mim?
NARRADOR: Pergunta idiota, Você mesmo reconhece. Mas não opta ainda por fugir correndo dali.
SEU GRANDE AMOR: Claro. Como cê tá?
NARRADOR: Naquela voz Você reconhece a doçura de tempos passados. Suas mãos tremem tanto que o parafuso do seu relógio está prestes a se soltar. Mas ainda existe salvação. Faça uma cara sóbria e continue o diálogo. Só não vá direto ao assunto.
VOCÊ: Faz tempo que eu penso em te ligar.
NARRADOR: Você se arrepende de ter dito isso.
VOCÊ: Ahn... por causa daquele livro do Leminski que ficou com você. 
NARRADOR: Grande saída, rapaz.
SEU GRANDE AMOR: Ah, sei.
NARRADOR: Parece que ela não quer mais papo. Repare no canto da boca retesado, nos braços cruzados. Mas Você não pode deixá-la ir assim, não com uma chance tão boa de resolver tudo. Você ainda quer vê-la chorando, arrependida, pedindo perdão. Aí vem o tudo ou nada.
VOCÊ: Queria conversar com você...
SEU GRANDE AMOR: Sobre o livro?
NARRADOR: "Cínica", Você pensa
VOCÊ (irritado com o narrador): Não, não sobre o livro.
SEU GRANDE AMOR: Pode falar.
VOCÊ: Não queria falar aqui.
NARRADOR: Cuidado, rapaz.
SEU GRANDE AMOR: Sabe o que é... meu namorado está me esperando em casa.
NARRADOR: Putz.
VOCÊ: Ah.
NARRADOR: Isso. Recomponha-se, mantenha a calma. Talvez ela não fosse assim tão perfeita. Despeça-se e vá embora.
VOCÊ: Por quê?!
NARRADOR: NÃO FALE MAIS NADA.
SEU GRANDE AMOR: O que?
VOCÊ: Você sabe.
SEU GRANDE AMOR: Não, não sei.
NARRADOR: Não faça essa pergunta.
VOCÊ: Como você pôde?
NARRADOR: Não diga que precisa dela.
VOCÊ: Eu ainda preciso de você.
NARRADOR: Não diga que a ama.
VOCÊ: Eu ainda te amo.
SEU GRANDE AMOR: Olha, a nossa história acabou, como qualquer outra.
NARRADOR: Ainda lhe resta a dignidade. Mantenha-na.  NÃO! Não faça isto. Mas você já fez, está agora ajoelhado no chão, chorando, segurando a mão dela. Deprimente.
VOCÊ: Eu não quero mais nada com você! Vá embora.
NARRADOR: Quem diz isso é Você, e ela vai. E talvez, com ela, a última chance que Você teve de ser feliz. Enfim... agora o melhor é enxugar as lágrimas e limpar os joelhos, antes que alguém te veja assim.

melhor ser vendido do que não ter quem compre

"Só não tem preço quem não vale muito". Ele disse, de caneta na mão, enquanto assinava o contrato.

todo ditado tem quem diga a primeira vez

Quem nunca escorregou é porque já nasceu de salto alto.

20 agosto 2009

manual prático de auto-sabotagem

  1. Estabeleça metas audaciosas e prazos irreais
  2. Confie em suas habilidades e poder de concentração em momentos de grande stress.
  3. Atribua sua salvação a um esforço concentrado de última hora.
  4. Até lá, vale tomar uma com os amigos pra relaxar.
  5. Não anote datas, esqueça o relógio em casa. Sem que você perceba, o prazo passou.
  6. Hora do desapego. Tome uma pra esquecer e retorne a 1.

18 agosto 2009

mais que mentir, é importante ter uma justificativa moral

- Você me disse que era advogado. E ainda mora com seus pais?!
- Então. Estou fazendo cursinho pro vestibular de direito.
- Seu mentiroso.
- Não foi mentira. Foi só a verdade contada antes da hora.

dica do dia

Se o paradoxo da imensidão do cosmos perante a finitude da existência humana não está te deixando dormir, experimente lavar a louça.

09 agosto 2009

especial dia dos pais


Texto meu, desenho do Dahmer.

Hoje abandonei meu pai pra conseguir essa parceria, no lançamento de "a cabeça é a ilha".

05 agosto 2009

coisas para dizer numa entrevista de emprego

- Você usa drogas?
- Depende. O que você tem aí?

04 agosto 2009

a menos que talvez

- O molho tá bom?
- Aham.
- E o talharim? Será que era melhor ter deixado um pouco mais? Tá muito salgado?
- Não muito.
- Ai, que raiva! Você tem que ser tão evasivo sempre?
- Nem sempre.

03 agosto 2009

dia chuvoso na terra da garoa




"Podem dizer o que quiserem de Brasília, mas não existe lugar melhor pra secar roupa no varal".

- Ele disse, enquanto lavava pela terceira vez a camiseta com cheiro de armário molhado.

eu nunca disse que isso tudo era verdade

"Vamos então fazer de conta que eu acredito que você saiba do que está falando". - Contemporizou o compreensivo.