"Não escrevas. Se escreveres, não assines. Se assinares, não publiques. A voz, ainda que enfática, pertence ao âmbito das coisas efêmeras.
Filtrada e traduzida pela memória, a fala passada é alvo e terreno das disputas presentes, num jogo de astúcia onde o objetivo é provar, com melhores ou mais numerosos argumentos, ser dono da versão legítima daquilo que 'cada um disse' e 'o que tudo isso quer dizer, afinal'.
Filtrada e traduzida pela memória, a fala passada é alvo e terreno das disputas presentes, num jogo de astúcia onde o objetivo é provar, com melhores ou mais numerosos argumentos, ser dono da versão legítima daquilo que 'cada um disse' e 'o que tudo isso quer dizer, afinal'.
No caso da escrita, o crítico tem o benefício da última palavra, o que facilita que ele se distancie na tentativa de apontar os limites da compreensão e as falhas do escritor. O crítico luta contra um adversário estático, embora a princípio desconhecido, e potencialmente hostil.
Ao autor será preciso prever e, antecipadamente, bloquear os possíveis ataques do crítico imaginário que, em última análise, é para quem se dirige o autor ardiloso quando escreve.
Considerando a raridade destas disposições telepáticas e teleológicas, convém falar pouco, escrever menos, assinar excepcionalmente e publicar jamais".
Um comentário:
Cara, deu muita vontade de mandar esse texto pra uns professores meus.
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