16 outubro 2010

Movem os impulsos intenções contraditórias

O problema da mediunidade (ou distúrbio de personalidades múltiplas, como queira), se não devidamente canalizado numa sinergia, formada a partir de uma complexa assembléia de si mesmo (ou devidamente abafado com psicolépticos), impede, na prática, qualquer ambição de tranquilidade, conforto ou harmonia. Parece impossível satisfazer simultaneamente todas as vozes que me orientam.

2 comentários:

Saulo Cruz disse...

Seus textos são muito difícieis de entender, menino cauê. É pra tirar onda com as garotas da universidade de filosofia ou as meninas que começaram a menstruar ontem?

Calmaê disse...

querido saulo,

tá falando isso só porque não sabe o que significa psicoléptico? psicoléptico, psicoléptico, psicoléptico. desconfie, primeiramente, dos prolegômenos.

você sabe, o intelectual estuda pra oprimir o ignorante a partir da pronúncia correta de conceitos de mais de 4 sílabas.

por outro lado, pela escrita, pode-se obter compreensão e até mesmo cumplicidade, lapso de superação do isolamento interpessoal.

o conceito aqui é a intransponibilidade intersubjetiva, que não é mais que a impossibilidade de conexão plena e perene entre duas pessoas.

a distância que existe entre o que se sente e o que se comunica é transposta apenas virtual e transitoriamente pela arte, pelo sexo, pela religião, pelas drogas, enfim, choose your weapon.

e entretanto, esses momentos existem, mesmo que passageiros e parciais, como, afinal, é também a natureza humana.

você, que do alto do seu bigodinho pode se dizer um apaixonado, sabe da busca sempre renovada por esse sentimento de comunhão e plenitude, espécie de orgasmo compartilhado, olhos nos olhos.

meu objetivo não é ser obscuro ou prolixo, quando falo da multiplicidade de almas que me habitam. é só uma espécie de auto-diagnóstico de esquizofrenia.

só pra se um dia eu pirar, pelo menos tem uma prova de que eu já sabia que ia acontecer. a crise é que acaba virando ficção, porque não é de mim que falo, mas de parte apenas, do que percebo do mundo.

se eu entendesse melhor, não precisaria escrever, e se não escrever, talvez nunca chegue a compreender melhor.

ademais, se eu for capaz de estimular alguma curiosidade, se o texto for um caminho difícil mas com alguma direção, e se alguém se sentir estimulado a percorre-lo, pra que mais?

tudo bem que o pedantismo e essas pegadinhas de lógica torta muitas vezes dificultam a compreensão ao ponto de desestimular a leitura, o que é mal.

acho que a meta é transitar nesses limites, desejando que alguém se convença uma vez ou outra. pero no se puede tener todo. se tiver que escolher entre as sua opções, prefiro as da filosofia, certamente.